Lucro crônico

Os genéricos promoveram um crescimento sem precedentes na história do consumo de produtos destinados ao tratamento de doenças crônicas no Brasil. O fenômeno transformou as classes terapêuticas de Antipilipênicos (controle do colesterol), Antidiabéticos (controle da diabetes) e Anti-hipertensivos (controle da hipertensão) e nas principais fontes de receitas das empresas do segmento.

Estudo inédito da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos, a PróGenéricos, analisou a performance destas categorias de produtos no mercado e constatou que, desde 1999, ano em que os genéricos chegaram às farmácias brasileiras, as vendas de antipilipênicos cresceram 1313,4%. No mercado de antidiabéticos a evolução nas vendas chegou a 488,6%. As vendas de anti-hipertensivos, por sua vez, cresceram 372,8%.

A participação dos genéricos nas vendas destes tipos de medicamentos analisados cresceu mais acentuadamente nos últimos 4 anos. No caso dos Antipilipênicos, os genéricos respondiam em junho de 2010 por 20,2% das vendas de todos os produtos do gênero comercializados no país, hoje respondem por 40,6%. Já entre os antidiabéticos a participação de mercado dos genéricos saltou de 38% para 41,3% no mesmo período. Entre os anti-hipertensivos, o market share saltou de 38,6% em junho de 2010 para 54,6%.

 “O objetivo de se alavancar os genéricos como política de saúde pública e promoção do acesso se transformou em oportunidade de negócios para as empresas farmacêuticas. Por essa razão, praticamente todas as companhias que hoje lideram o ranking da indústria brasileira são fabricantes de genéricos”, afirma Telma Salles, presidente executiva da PróGenéricos. 

A somatória de todos os produtos comercializados nestas 3 classes respondem por 28,6% do mercado de genéricos em unidades (226 milhões) e por 29,4% do faturamento do setor (R$4,1 bilhões). “Praticamente 1/3 do resultado de todo o segmento”, analisa Salles.

Quanto vale?

O mercado de anti-hipertensivos movimentou R$7,8 bilhões no Brasil em 2013, sendo que os fabricantes de genéricos abocanharam 39,24% da receita adquirida com as vendas destes produtos.

Já os antilipênicos geraram vendas de R$2,2 bilhões às indústrias farmacêuticas que operam no segmento, tendo os fabricantes de genéricos se responsabilizando por 46,55% do total.

Por fim, os antidiabéticos movimentaram R$1,9 bilhão no varejo farmacêutico brasileiro no ano passado. Os genéricos, embora detenham 41% de participação de mercado, geraram apenas 17% do faturamento do segmento. “Isso se deve a dois fatores. Primeiro, mostra o quanto o pdouto de marca é mais caro, portanto mais rentável para as indústrias que os fabricam. Além disso, a grande maioria dos portadores de Diabetes aderiram a programas de assistência farmacêutica, a exemplo do Farmácia Popular, e adquirem o medicamento de graça”, explica Telma Salles.