Impressa e digital: as bulas avançam no mundo moderno

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A bula dos medicamentos como conhecemos está prestes a garantir mais informação a quem precisa: o formato digital. Os avanços tecnológicos trazidos no esteio do desenvolvimento cada vez maior da Internet trouxeram mais uma oportunidade em como os cidadãos acessam informações cruciais sobre seus medicamentos. Ao regulamentar a lei aprovada pelo Congresso Nacional (juntamente com sua integral sanção) a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) garantirá uma forma inovadora, moderna e com um nível de recursos audiovisuais que apenas o formato impresso não permite: cidadãos com dificuldade para ler poderão aumentar o tamanho da letra e mais à frente a digitalização permitirá até mesmo que a bula seja “falada”.

Além disso, os códigos QR nas embalagens vêm para ser mais um instrumento de informação junto com a bula impressa. Esta, não desaparecerá, continuará sempre à disposição daqueles que assim a solicitarem da mesma forma como quem solicita na farmácia a bula daqueles medicamentos comprados no balcão apenas em uma cartela (blister). Ainda que apenas 1% (um) da população peça pela bula, ela deve estar lá.

Desnecessário reafirmar a importância das informações que a bula traz: informações técnico-científicas e orientações fundamentais sobre o uso racional e correto dos medicamentos. Historicamente, a bula impressa dentro da caixa cumpre muito bem sua função em orientar cidadãos e profissionais de saúde e, com a evolução tecnológica, temos mais esta oportunidade de juntar o passado impresso ao futuro digital.

A versão digital da bula traz benefícios cujos limites não conseguimos enxergar, aliás, quem imaginaria que durante um trágico período de pandemia que passamos milhões de brasileiros puderam de forma digital ter acesso aos seus necessários benefícios? Há poucos anos quem imaginaria poder ajudar alguém que precisa de dinheiro apenas fazendo através do celular um PIX? A digitalização inclui, traz acesso e informa corretamente o cidadão sem obrigá-lo a usar buscadores na internet que muitas vezes desinformam caso a orientação não tenha sido dada por um médico. Importante destacar também que seja digital ou impressa, nenhum medicamento deve prescindir de uma avaliação médica.

Há também um benefício econômico nesta digitalização: o cidadão poderá, antes mesmo de comprar o medicamento, ver através do QR Code na embalagem que o medicamento genérico tem a mesma composição e eficácia do medicamento “de marca” também a venda por um preço maior. Além disso a bula digital permitirá que os dados coletados através deste canal sejam acessíveis ao órgão regulador, permitindo à Anvisa contribuir junto a outras políticas públicas de digitalização da saúde, alinhadas com os objetivos do Governo Federal. No futuro, isso poderá permitir a integração com a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), com o Serviço Nacional do Consumidor (Senacon) e melhorar o monitoramento, análise das informações de saúde e dos produtos farmacêuticos comercializados no país.

Não podemos esquecer, em um momento que as emergências climáticas se mostram cada vez mais presentes, do cuidado com o meio ambiente: três mil toneladas de papel de bulas impressas são jogadas fora por mês contribuindo para aumentar a quantidade de resíduos sólidos. A digitalização das bulas impressas diminuirá imensamente o descarte de papel e contribuirá para um ambiente menos poluído.

Categorias de medicamentos como amostras grátis entregues com a orientação do próprio médico, medicamentos de uso exclusivo hospitalar (acessíveis apenas aos profissionais treinados), assim como aqueles que não necessitam de prescrição (receita) e cujas bulas impressas podem ser solicitadas na farmácia.  Todas estas categorias e outras que ainda podem vir, farão da indústria farmacêutica instalada no país uma das mais limpas do mundo.

Mais uma vez destaco a preocupação da Anvisa em não eliminar totalmente a bula impressa: pelo contrário, ela garante que, em casos de preferência ou necessidade, a bula impressa esteja disponível mediante solicitação. Essa abordagem híbrida assegura que ninguém será excluído do acesso à informação, atendendo tanto às demandas dos mais adeptos às tecnologias quanto daqueles que preferem ou necessitam do formato tradicional.

A proposta da Anvisa de regulamentar a lei e implementar um piloto para testes das bulas digitais é um passo crucial para modernizar e incrementar a forma como acessamos informações sobre os medicamentos. Ela vem para somar garantindo que a informação seja mais acessível, inclusiva e atualizada, sem renunciar à possibilidade de acesso à bula impressa quando necessário ou desejado.

Seguindo os passos da indústria gráfica criada por Johannes Gutenberg que ajudou a democratizar a informação durante a Idade Média em 1455 através da impressão tipográfica, nossa indústria moderna farmacêutica, muito mais jovem, mais de quinhentos anos depois faz o mesmo: amplia o acesso à informação, inclui aqueles que não conseguem ler e democratiza ainda mais as informações que salvam vidas. Nós agradecemos a Anvisa pela inovação e, principalmente, pelo cuidado com a sociedade brasileira em continuar trazendo mais informação de qualidade por todos os meios possíveis, sejam eles impressos e, agora, digitalmente. O Brasil agradece mais uma vez a Anvisa por avançar no cuidado com seus cidadãos.

Tiago de Moraes Vicente, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos)

Acompanhe as atividades da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa):
https://www.gov.br/anvisa/pt-br

Quer saber mais sobre a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon)?
Acesse: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/seus-direitos/consumidor

Conheça mais sobre a Rede Nacional de Dados em Saúde!
Acesse: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/seidigi/rnds

Confira a audiência na Câmara dos Deputados sobre bulas digitais:
https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=biFQdSUjLKo