Genéricos ganham impulso com crise e já lideram o crescimento do setor

Categoria apresenta desempenho acima do mercado farmacêutico em 2019, em cenário de incerteza econômica e altos índices de desemprego, e já representa um terço do total da indústria


Em momento de dificuldade econômica do País, os medicamentos genéricos lideram o crescimento do setor farmacêutico. No primeiro trimestre, segmento registrou alta de 9,28% nas vendas, atingindo 356,7 milhões de unidades.

“Na Abradilan [Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos] os genéricos são muito representativos. Na distribuição de segmentos dos produtos em março, por exemplo, eles representaram 43,4% das vendas dos associados. Em unidades, o percentual é um pouco maior, de 44,6%”, aponta o novo presidente da entidade, Vinicius Andrade.

O dirigente da Abradilan, associação que reúne 136 empresas distribuidoras de medicamentos e produtos de higiene pessoal e cosméticos, conta que o primeiro trimestre foi de crescimento do mercado farmacêutico, apesar das dificuldades da economia. “O crescimento foi um pouco menor que nos últimos anos, porém, mesmo assim positivo”.

Para a entidade, com a crise econômica e com o orçamento mais enxuto, muitas famílias optaram por medicamentos com valores mais acessíveis e por isso, os genéricos tiveram destaque nas vendas. “A demanda tem sido forte, especialmente entre os genéricos, porque o brasileiro está cada vez mais preocupado com a saúde e tem o acesso mais fácil aos medicamentos”, afirma Andrade.

Ele acredita que, ao longo do ano, a economia do País irá apresentar uma recuperação. “Com a retomada do crescimento econômico, o mercado farmacêutico também colherá as consequências positivas dessa aceleração, crescendo mais e, consequentemente, aumentando investimentos e gerando mais empregos.”

Andrade também avalia que a discussão tributária do setor poderá avançar. “Acreditamos, inicialmente, em uma simplificação dos impostos federais. Esse será um importante primeiro passo na desburocratização do sistema brasileiro, para que, assim, as empresas sintam maior segurança em investir no País.”

Apostas

A Medley, empresa do grupo Sanofi, destaca que atualmente, o segmento de genéricos representa mais de 33% do mercado total da indústria farmacêutica. “No ano passado fizemos oito lançamentos de genéricos. Estão previstos mais nove produtos em 2019 e 15 em 2020”, declara a diretora da Medley, Joana Adissi.

Esses medicamentos são direcionados para áreas terapêuticas como hipertensão, Alzheimer, esquizofrenia e depressão. “Nos últimos anos, a Medley vem com uma aceleração bastante significativa. Tivemos incremento de 12% no faturamento e 25% no volume em 2018. Fomos um pilar de crescimento da Sanofi”, assinala Joana.

A executiva vê uma desaceleração do mercado de medicamentos em relação ao ano passado, mas ainda com boa perspectiva de crescimento. “Esse setor sempre é o último a sofrer com a crise, é uma necessidade básica. Os clientes estão esperando definições na economia, mas a expectativa é bastante positiva.”

A estimativa da empresa é crescer acima do mercado em 2019. “Os dados do setor são de desempenho superior em 9% no volume e 14% no valor em relação ao ano passado. Nossa expectativa é crescer acima desses números”, declara Joana.

A concorrente EMS prevê 11 lançamentos na área de genéricos em 2019, entre eles contraceptivos, anti-hipertensivos e anti-inflamatórios. A companhia pretende aumentar a sua participação em 10% em unidades comercializadas nesse mercado até o fim do ano.

Em comunicado à imprensa, o diretor comercial da unidade de genéricos da EMS, Aramis Domont, afirmou que o medicamento genérico é “uma excelente alternativa para a ampliação do acesso à saúde, permitindo que os pacientes consigam dar continuidade a seus tratamentos de forma econômica, eficaz e segura.”

A EMS também pretende disponibilizar mais de 240 milhões de unidades (caixas de medicamentos) na categoria em 2019, praticamente 30 milhões acima do volume total atingido no ano anterior.

Fonte: Jornal DCI